quarta-feira, 14 de julho de 2010

há noites assim


















(foto aj carneiro)

poema dito por ajc

  



Há noites que são feitas dos meus braços 
e um silêncio comum às violetas 
e há sete luas que são sete traços 
de sete noites que nunca foram feitas 

Há noites que levamos à cintura 
como um cinto de grandes borboletas 
E um risco a sangue na nossa carne escura 
de uma espada à bainha de um cometa 

Há noites que nos deixam para trás 
enrolados no nosso desencanto 
e cisnes brancos que só são iguais 
à mais longínqua onda de seu canto 

Há noites que nos levam para onde 
o fantasma de nós fica mais perto: 
e é sempre a nossa voz que nos responde 
e só o nosso nome estava certo.

Há noites que são lírios e são feras
E a nossa exactidão de rosa vil
Reconcilia no frio das esferas
Os astros que se olham de perfil

Natália Correia

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